domingo, 7 de julho de 2013

A Discalculia e o Xadrez

Amigos,

A discalculia, bem simploriamente, é a dificuldade com a matemática. A discalculia pura, sem outros distúrbios (como a dislexia), afeta entre 0,5 a 2% da população mundial segundo pesquisas dos neurocientistas do assunto. Acompanhada de outras dificuldades pode chegar a 6%!!
No milenar jogo de Xadrez temos uma atividade lúdica que envolve diversas áreas do cérebro: memória (lobo temporal dominante, hipocampo, neo córtex), funções executivas (lóbos frontais) pensamento lógico-matemático, atenção e imaginação; e também codificação e registro de problemas (lobo frontal esquerdo) e evocação (lobo frontal esquerdo).
Sua relevante importância pedagógica envolve a sociabilização, memória, raciocínio e auto-estima.
Os jogadores de xadrez estão constantemente analisando, criando estratégias, questionando, enfrentando outros pontos de vista que fazem compreender seus limites, portanto tornando-se flexível e compreendendo a reversibilidade de posturas e pensamentos.
Durante uma partida de xadrez os jogadores enfrentam constantes desafios lógico-matemáticos, como os de comparação de quantidades, cálculos de jogadas, análise e memória, tudo isso de forma simbólica, pois o que se está manipulando são apenas símbolos.
Eu tenho dado muitas aulas de xadrez observando os alunos, na sua capacidade de calcular, no que se refere às trocas de peças (aritmética - capturas), nas questões geométricas (diagonais, horizontais, verticais, coordenadas), álgebra (as figuras representam valores relativos). A visão espacial, observar todo o tabuleiro, a lógica, a abstração, tudo isso faz parte de se jogar xadrez.
A atividade lúdica do jogo, portanto, faz com que sejam praticadas todas estas disciplinas, juntas, sem que o aluno perceba. Os resultados começam a aparecer após alguns meses de exercícios constantes. Exercícios como xeque-mate em um lance, de tática, de xadrez reverso dentre outros, além é claro da partida em si, são todos mecanismos ótimos e as intervenções do professor conduzem a aprendizagem.
Neurologicamente, seria treinar novas vias cerebrais, fortalecer sinapses, para, pelo menos, atenuar essa dificuldade.
Eu lembro de uma aluninha que tinha uma dificuldade enorme com a lógica, o cálculo simples (tipo, três mais quatro). Após algumas aulas, começamos a usar como tabuleiro, o piso do Clube de Xadrez de Curitiba e caminhamos pelas diagonais, usamos o corpo como se fossemos peças. Após um tempo, percebi que ela havia melhorado. Ela começou a ter maior apoio da escola, também.
O importante foi que eu percebi, através do xadrez, que ela possuía aquela dificuldade e começamos a fazer um trabalho mais específico.
         

2 comentários:

  1. Olá Professor Leo Pasqualini,

    Tá aí tema pouco discutido no meio acadêmico, sabemos dos benefícios do xadrez em diversas áreas tanto no que diz respeito ao xadrez educação quanto ao xadrez terapêutico. Vários trabalhos mostram melhoras em crianças e adolescentes em idade escolar que praticam o xadrez e apresentam um melhor desenvolvimento em raciocínios matemáticos e se a discalculia atinge a capacidade de lhe dar com elementos do raciocínio lógico matemático, será que o xadrez realmente ajuda no desenvolvimento dessas crianças?
    Tenho uma aluna diagnosticada com discalculia, TDAH e DPAC, comecei agora a trabalhar com xadrez com ela, pretendo fazer um estudo de casos envolvendo a discalculia e o xadrez, quando me foi apresentada esta matéria pelo professor Wilson no curso de Pós Graduação em xadrez me deixou muito feliz, pois vou precisar de bastante ajuda.
    Muito obrigado professor
    Forte abraço
    Clodomiro Leite

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